"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

domingo, setembro 28, 2008


Pavel Banka

Preciso disto. Um poema a preto e branco. E inclinar o corpo para o voo. A minha geografia é simples. São as mãos a roerem a terra. A cavarem palavras na linha enviesada onde árvores bebem de esguelha a noite e a lua e o uivo das janelas batidas pelo vento.
Neste tempo, todos os lugares são demasiado longe daqui. E eu quero ficar perto.

Era domingo. Anoitecia. E a cidade... nada mais que um braço a crescer ao longo do rio.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Quem muitos burros toca, algum tem que deixar para trás. O meu pai sempre gostou muito de educar segundo este provérbio. Devia ter-lhe dado mais ouvidos...

terça-feira, setembro 23, 2008

And she was...


Toto Frima


And she was lying in the grass
And she could hear the highway breathing
And she could see a nearby factory
She's making sure she is not dreaming
See the lights of a neighbor's house
Now she's starting to rise
Take a minute to concentrate
And she opens up her eyes

The world was moving and she was right there with it (and she was)
The world was moving she was floating above it (and she was) and she was


And she was drifting through the backyard
And she was taking off her dress
And she was moving very slowly
Rising up above the earth
Moving into the universe
Drifting this way and that
Not touching ground at all
Up above the yard

She was glad about it... no doubt about it
She isn't sure where she's gone
No time to think about what to tell them
No time to think about what she's done
And she was


And she was looking at herself
And things were looking like a movie
She had a pleasant elevation
She's moving out in all directions


Joining the world of missing persons (and she was)
Missing enough to feel alright (and she was)


Talking Heads, And she was...

domingo, setembro 21, 2008

postal de aniversário II


para ti,petit prince


braços inclinados à chuva
os gritos das gaivotas pelos telhados
setembro e o verão quase a fugir-nos aos dias
e é assim
a boca a escorregar no silêncio
tu a nasceres outra vez
a mãe a segurar-te o choro
a respirar-te a pele
os cabelos
o olhar
foi assim e eu lembro-me
e havia sol a contornar a cidade
eu na minha bicicleta vermelha a
cortar o vento de braços abertos
e tu a nasceres outra vez
o telefone a tocar
e eras tu
era o teu nome
do outro lado da linha eras tu
a tua voz limpa
e nova

um olhar fundo
infinito
o coração a saltar do peito

eras tu
e eu do outro lado
e nós todos do outro lado

e sem querer nós todos
a nascermos outra vez


*

(tenho saudades de te ler in the fresh of the night)

quinta-feira, setembro 18, 2008

postal de aniversário

tu, de sorriso rendilhado ao por-do-sol.
e o mar a nascer-te por entre os cabelos.

Teresa Sá

HOJE ACORDEI COM VONTADE DE GRITAR.

choveu. fiz um bolo de chocolate. guardei um pedaço de sol no tecto da casa. fechei as janelas. saí para a rua. o grito não se calou. mas amainou na tarde, enquanto se fazia verão outra vez.


(o que me conforta em dias difíceis, de raiva a fervilhar-me nas veias, são as duas janelas do quarto apontadas para as estrelas. e saber-te, inverno dentro, ao meu lado).

domingo, setembro 14, 2008

todo o começo

nenhuma fotografia foi hoje rasgada.
o álbum permanece intacto.
duas ou três palavras e o olhar como legenda.
os lábios certeiros, a dirigirem as horas
para lá das janelas erguidas sobre a chuva que nunca chegou.

atrasamo-nos dois ou mais minutos.
hoje é o resto dos dias.
começa sempre tudo assim.

caixas pelo chão. camas desfeitas.
e a cidade de sempre a anoitecer fora do quarto.

a lua cheia. o retrato embaciado no vidro da mesa.
um cigarro enrolado, uma ponta esquecida no cinzeiro.

luz acesa.

hoje não precisamos de estrelas.

mãos enroscadas. o silêncio a
derramar pétalas.

e este instante,
apenas um instante.

breve.
sem pressa.

e se o telefone toca
eu não estou, tu não estás.

apenas este instante.
sem pressa.

sexta-feira, setembro 12, 2008

suor e fantasia - quinteto tati




6 da tarde e já está sol lá fora
fico só mais meia hora, numa pétala
de sono insolente. os teus pés
ainda dançam, vão andando assim tão delicados
pelo dia adolescente, dedo a dedo,
doces. ai, a graça do amor! já não vou trabalhar!
as tuas olheiras de cansaço dão um traço
bem preciso ao sorriso que preenche todo o vasto espaço.
ai, a graça do amor! já não vou trabalhar! meia noite e café da manhã,
esse teu rosto é o meu dilema e despimo-nos à
pressa para ir ao cinema. ai, a graça do amor! já não vou trabalhar!
todo o dia e toda a noite só suor e fantasia. quem julga que é fácil
que experimente levitar sobre o tejo. a vida é difícil,
sempre foi.


quinteto tati, exílio, suor e fantasia

quinta-feira, setembro 11, 2008

isto não é o poema. isto não é ainda o poema. isto é a minha mão a passar sobre a corrente de vento e a dizer aos teus cabelos que o outono ainda está longe.


fotografia: tu, ligeiramente inclinada sobre a manhã. quando o dia ainda não decidiu se chove ou faz sol. e o gato murmura um pouco mais de ternura ao ouvido.

quarta-feira, setembro 10, 2008

simão at 5 o'clock

admiro os meus gatos. a paciência. a agilidade. a energia e destreza. a preguiça. a sensibilidade. o instinto. a inteligência.

o meu gato gosta de deixar amolecer os biscoitos dentro de água. depois vai lá com a patinha, repesca o biscoito para a superfície do chão e, de seguida, leva o biscoito amolecido à boca.

como quem molha a bolacha no chá. tem classe.

Bi-furcação














ana c.

terça-feira, setembro 09, 2008

Restar(t)




Daqui para a frente tudo é possível. Até o impensável. Até o "nunca mais".

segunda-feira, setembro 08, 2008

the shape of my heart


ana c.

quinta-feira, setembro 04, 2008

eu não sabia que todas as noites do mundo eram efémeras*


ana c.
*maria do rosário pedreira

quarta-feira, setembro 03, 2008

depois de agosto


ana c.

ainda há pó de estrelas a luzir na paisagem.


e nas mãos um ou outro pormenor do que agosto nos deixou.

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: