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Eco y Narciso, 1905. Fragmento John William Waterhouse
"Tirésias previra que Narciso viveria longos anos se não se conhecesse a si mesmo, mas obcecado pela sua beleza o jovem deus acabou por sucumbir. É, assim, perigoso conhecer-se a si mesmo - e podemos morrer por causa disso, deixando que o nosso "adeus" seja repetido por Eco, essa deusa triste, incapaz de dizer a primeira palavra. Ainda hoje, aqueles que são incapazes de dizer a primeira palavra são os que se apaixonam facilmente por Narciso."
Montesquieu, Elogio da Sinceridade
7 comentários:
Ainda que impressionada com mais um rasgo de actualidade de Montesquieu, acho que substituiria “conhecer-se a si mesmo” por “apaixonar-se por si mesmo”... (até porque o próprio Narciso não se limitou a conhecer-se, apaixonou-se pela imagem que o espelho da água lhe devolvia!)
pois, mas talvez montesquieu queira dizer que só nos apaixonamos por aquilo que conhecemos.
Sim, é verdade! Mas não nos apaixonamos por tudo o que conhecemos...
Na verdade, muitas vezes, quanto mais e melhor conhecemos alguma coisa, menos gostamos dela!
desculpa-me discordar... nem sempre o maior conhecimento sobre algo ou alguém nos faz "desapaixonar". permito-me ainda esta dose de utopia (se o for).
Também não disse que o maior conhecimento sobre algo ou alguém nos faz desapaixonar... conhecer é uma "faca de dois gumes": da mesma forma que não podes apaixonar-te por algo que não conheces, também não podes gostar verdadeiramente de algo que não conheces. Tens que conhecer algo para conseguires formar a tua opinião sobre isso. E essa opinião tanto pode ser positiva como negativo.
Se Narciso tivesse conhecido a sua imagem mas não se tivesse apaixonado por ela, não teria ganho raizes à beira do riacho... não teria morrido por causa disso e conhecer-se a si mesmo não teria sido perigoso...
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