"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, outubro 23, 2006


Eco y Narciso, 1905. Fragmento John William Waterhouse

"Tirésias previra que Narciso viveria longos anos se não se conhecesse a si mesmo, mas obcecado pela sua beleza o jovem deus acabou por sucumbir. É, assim, perigoso conhecer-se a si mesmo - e podemos morrer por causa disso, deixando que o nosso "adeus" seja repetido por Eco, essa deusa triste, incapaz de dizer a primeira palavra. Ainda hoje, aqueles que são incapazes de dizer a primeira palavra são os que se apaixonam facilmente por Narciso."

Montesquieu, Elogio da Sinceridade

7 comentários:

Anónimo disse...

Ainda que impressionada com mais um rasgo de actualidade de Montesquieu, acho que substituiria “conhecer-se a si mesmo” por “apaixonar-se por si mesmo”... (até porque o próprio Narciso não se limitou a conhecer-se, apaixonou-se pela imagem que o espelho da água lhe devolvia!)

ana c. disse...

pois, mas talvez montesquieu queira dizer que só nos apaixonamos por aquilo que conhecemos.

Anónimo disse...

Sim, é verdade! Mas não nos apaixonamos por tudo o que conhecemos...

Anónimo disse...

Na verdade, muitas vezes, quanto mais e melhor conhecemos alguma coisa, menos gostamos dela!

ana c. disse...

desculpa-me discordar... nem sempre o maior conhecimento sobre algo ou alguém nos faz "desapaixonar". permito-me ainda esta dose de utopia (se o for).

Anónimo disse...

Também não disse que o maior conhecimento sobre algo ou alguém nos faz desapaixonar... conhecer é uma "faca de dois gumes": da mesma forma que não podes apaixonar-te por algo que não conheces, também não podes gostar verdadeiramente de algo que não conheces. Tens que conhecer algo para conseguires formar a tua opinião sobre isso. E essa opinião tanto pode ser positiva como negativo.

Anónimo disse...

Se Narciso tivesse conhecido a sua imagem mas não se tivesse apaixonado por ela, não teria ganho raizes à beira do riacho... não teria morrido por causa disso e conhecer-se a si mesmo não teria sido perigoso...

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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