"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Eu estou aqui para vos recrutar!



Gus Van Sant de novo numa sala de cinema.
Este é mais um dos seus filmes que pode ser levado para uma aula de sociologia para exemplificar a emergência, desenvolvimento e reprodução de fenómenos eminentemente sociais. Nomeadamente, exemplificar a importância do líder e da arma discursiva nos processos de reivindicação de direitos e de reconhecimento social de minorias.
É um filme sem a poética tão característica das realizações de Gus Van Sant. Apenas um pormenor de relevo a esse nível, quando filma uma das cenas através do reflexo captado pela face de um apito, símbolo da convocação de massas e imposição da ordem social.
De resto, o filme respira Sean Penn que encarna Harvey Milk para lutar pelos direitos da comunidade homossexual emergente em São Francisco.
Harvey Milk iniciou na década de 70 uma luta que nunca terminaria. Morreu antes dos 50, como vaticinou, assassinado por um inimigo político.
Não há propriamente uma moral a concluir o fecho da história montada por Gus Van Sant. E, desse ponto de vista, na minha opinião, este filme distancia-se das suas anteriores (mais recentes) abordagens. No entanto, não deixa de provocar uma certa dúvida: de Milk (séc. XX) até Obama (séc. XXI) o que é que mudou na américa e no mundo relativamente aos direitos de determinadas minorias?

terça-feira, janeiro 27, 2009



"Sometimes there's no reason to be found."

from: my blueberry nights

quarta-feira, janeiro 21, 2009


Lilya Corneli


Amar-te-ei até ao tédio.

Não é uma promessa.
É uma profecia.

Miryam Reys, Terra e Sangue, Cosmorama

(leitura rápida)

terça-feira, janeiro 13, 2009

Brandoa, second skin II

A propósito deste texto que escrevi há mais de um ano - Brandoa, second skin - recebi agora um comentário do Diogo que acho que não pode ficar escondido nos arquivos deste blogue.
Diogo, não sei se te conheço, mas o facto de termos crescido no mesmo bairro, de termos referências comuns, já nos torna mais do que simples desconhecidos. A tua descrição trouxe-me à lembrança detalhes que eu já nem saberia descrever. E essa referência ao stor Bragança...ele é mesmo um marco para quem estudou naquela escola. Acho que lhe devo muita coisa. Afinal, o ensino precisa de professores que consigam sair um pouco da norma e levem os alunos a ver filmes que façam pensar e a ouvir música que não se escuta na rádio.
E, sim, havia um cinema por detrás do Palácio que já não é Palácio e o barracão já nem sequer existe...E a minha rua terminava no começo dos campos. Campos extensos, até ao horizonte, onde, dizem, vai nascer o maior centro comercial da Europa.

Obrigada, Diogo.




O poema lê-se, mas quem cresceu na Brandoa lê-se é no texto da Ana C. Mais? O toque da escola. Mais tarde, os sinos da Igreja. Os bombeiros e o toque do meio-dia. A cegonha no alto da chaminé da padaria. O cheiro a pão. O pôr do sol com o sol para trás do alto. O alto tem sempre muitas ruas por explorar. Algumas dão para o campo. A rua acaba e o campo começa. As ruas principais estão vagamente alcatroadas, as outras têm buracos e poças de água. Mais tarde vieram as escadinhas. O stôr Bragança joga ao cascalho meia-hora com os alunos. Sair da escola e ir para a rua. Chamar os amigos. fófiuuuuuuuuuuuuuu. A feira junto à escola preparatória. As regueifas e as entremeadas salgadas. No Verão, passar os dias na rua, ir vadiar para o trigo junto à rua da Paiã, onde há labirintos de Oliveiras e caniços. As hortas e os quintais, intermitentes com os prédios de 5, 6 e 7 andares sem elevador. Cuidado, ali na Serra, junto ao campo há ciganos. Não faz mal: o Russo, o Picha, o Gafanhoto e o Rui conhecem-me, a minha mãe já lhes deu roupa. O palácio. O palácio tem um barracão por trás que, dizem, já foi um cinema. Não sei, nasci em 1980. Nunca lá vi um filme. Nunca lá entrei. No Arco-Íris, há sempre drogados à porta, gostava de ir lá para dentro jogar, mas o Bacalhau está lá sentado e não me deixa, sou muito novo. Quando tiver idade, também já não vou querer lá ir. Aqui e ali há sempre uns cafés onde podemos jogar Street Fighter. Entras confiante, o dono pensa que tens idade. Subir às àrvores na creche junto às camionetas da LT, mas, cuidado, porque o Paixão anda sempre por aí. Ele não quer que se suba às àrvores. O polivalente serve para tudo. Os reformados jogam às cartas ao lado deste e sentam-se no largo nos dias de sol, logo pela manhã. A rua da Paiã vai dar à Parreirinha onde existe um monte de rocha branca suja com uma grande vista cá para baixo e para os casais lá para trás. Uma rua que dá para lá, tem o meu nome. Diogo Cão. Mas não gosto do Cão. Já chega.

Diogo

quinta-feira, janeiro 08, 2009

diga trinta e três.

Logo a seguir a ter descoberto a ruga dos 33, o recém-regressado (desta vez demoraste pouco, pá!) petit prince não se conteve e pela manhã soltou um

parabéns, velhota!

e é sempre num misto de melancolia, angústia e alguma falta de sobriedade que se passam os aniversários...posto isto: vamos lá partir a loiça!





(mãe, de todas as prendas que se podem receber no aniversário, as tuas, os livros da anita, quando me ias buscar à escola primária, estão, sem dúvida, entre as melhores.)


the greatest, cat power

jerry uelsmann

o silêncio: a única inconfidência do dia

domingo, janeiro 04, 2009

Janeiro chegou
vou dizer que foi um fio leve de chuva
que me desbotou o peito

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: