"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

sábado, janeiro 13, 2007

27 de junho

Entardeceu na avenida. Rente ao vidro da frente sentados pelo lado de fora, dois amigos conversam.O modo como se riem, como depositam os beijos, faz-me supor que se têm como muito poucos se têm.
Olho-os pelo lado de dentro do vidro rectangular. É como se do argumento de um filme se tratasse, o caixilho enquadrando uma fita de um só plano, de pausas e aproximações, esgares e gestos espontâneos.
Abraçam-se então, demorados e ocorre-me que o amor podia ser isso mesmo, um longo plano sem palavras, sem o equívoco das palavras e a paixão ser essa música que às vezes toca de fundo, uma melodia sem versos num intemporal filme mudo.

João Luis Barreto Guimarães, Lugares Comuns

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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