"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

quinta-feira, janeiro 25, 2007

e com traço fino desenhas-me as mãos a noite sem se revelar
ainda há sol e esqueço-me dos óculos na mesa do café
o papel é de que cor? São de que cor os olhos? À janela o gato desfia as horas e o pelo
deita-te na palma da minha mão lambe-me o sorriso
tanta gente e ninguém capaz de me roubar uma flor
os pés descalços e tropeço no frio
é de que cor o chão? quantos são os dedos?
não quero sentido nas palavras que se percam as cartas
todas as cartas todas as letras todas as linhas que te canto
que me abrace o vento se é de vento a chuva que cai nos telhados
que me cresçam pássaros nos olhos que se afoguem peixes no meu peito
de que cor são as pedras?
um copo de vinho que emudeça os lábios que amarre o beijo
ficam por dizer tantos e tantos abraços tantos e tantos abraços
e ainda nem sequer é noite e ainda nem sequer é poema
apenas cinza de cigarro apenas esboço de uma casa
dizias-me perto demais quanto mais longe
dizias-me distantes lábios beijo quente
mas és capaz de me roubar uma flor?

e de que cor hei-de pintar as paredes?

4 comentários:

Mary disse...

e a flor de que cor?

ana c. disse...

da cor que me surpreender...

Magnólia disse...

Acho que o meu último comentário não chegou a ti, portanto cá vai ele novamente. Não o mesmo mas algo aproximado:

Pinta-as da cor da tua alma...

Continuo a adorar os teus rabiscos.
Foram eles que me levaram a escrever. Hoje escrevo, essa capacidade que julguei não ter e que fui descobrindo, muito graças à tua inspiração.
Obrigada...

ana c. disse...

escreves graças a ti. acredita nisso.

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: