"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, março 05, 2007

desculpa para um cigarro

Voltei a queimar as pestanas a tentar acender o cigarro. É impressionante o quanto consigo ser desajeitada a fazer aquilo que toda a gente faz no dia a dia sem sequer pensar duas vezes sobre o assunto. Já perdi a conta às chávenas e aos pires que parto de cada vez que lavo a loiça do café. Atribuo à herança genética paterna a qualidade de não saber usar as mãos para nada de verdadeiramente artístico, como lavar chávenas. Ainda assim insisto só para me rir de mim própria. E por mais que conte com esta incapacidade consigo sempre surpreender-me, o que não deixa de constituir um desafio ainda maior do que o próprio desafio de ver nascer alguma coisa por entre o movimento dos dedos. E é assim que derramo tinta pelo chão porque me lembro de pintar um móvel às tantas da manhã, antes de ir dormir. Ou que consigo inutilizar a folha de papel onde me propus fazer uma pseudo-pintura neo-neo-realista, digamos antes abstracto-surrealista, seja lá isso o que for, já que não pretendo que seja nada. Nada de nada. Não gosto de render-me às evidências. E volto a acender um cigarro. Ups, desta vez é a cinza a cair no teclado. E lembro-me que já fez um ano que comecei a fumar mais do que um ou dois cigarros em noites esporádicas de alegre convívio à volta de um copo de vinho. Um ano a queimar pestanas. E nem sequer gosto do sabor do tabaco. Mas amanhã não me posso esquecer de ir à tabacaria da esquina (vá, quase na esquina) comprar um maço daqueles cigarros finos, com sabor a mentol, baixa nicotina, que não deixam de matar.

fumas um comigo?



FUMAR MATA
FUMAR CAUSA ELEVADA DEPENDÊNCIA. NÃO COMECE A FUMAR

3 comentários:

Mary disse...

da próxima vez vou ver como acendes as pestanas e não o cigarro...

ana c. disse...

e nem vais ter que te esforçar muito.

Magnólia disse...

Espero fumar um contigo da próxima vez que te for visitar. E que seja em breve...
Nem vais acreditar - este fds fumei os últimos cigarros de um maço de Karelia mentol que trouxe do Porto.

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: