"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

terça-feira, abril 03, 2007

crescem magnólias na bruma


para a magnólia, porque também faz todo
o sentido esta amizade de mais de uma década


é preciso acreditar no vento
e deixar que ele seja voz tremida
a equilibrar-se nos ramos que rompem
do peito

ergue-te agora em uníssono nevoeiro
sobre os telhados
e entardece um pouco mais

deixa que as mãos fiquem frias
e os pés descalços sem tocarem a relva
molhada

talvez uma ou outra ave te venha falar ao ouvido
talvez venha beber da loucura dessas paisagens
que desalinhas com o olhar

insisto: o nevoeiro faz todo o sentido

e se chamar por ti
entra
sem pressa de fuga

haverá sempre outra mão
algures
à espera do contorno da tua
e de tempo para desenlaçar sóis por entre
os fios do amanhecer

em dias de chuva também sou capaz de pensar
que do que se toca
tão pouco
ou nada
é já capaz de nos
espantar


az


magnólia: a ciência botânica tem um interesse especial pelas magnólias, por apresentarem estruturas reprodutivas e anatomicas que se acredita serem extremamente primitivas em relação a todas as outras flores. (Wikipédia)

4 comentários:

Magnólia disse...

És uma querida!
E que possam vir mais décadas...
Cá estarei à espera.

Magnólia disse...

Este texto é teu?

ana c. disse...

quando não coloco o autor é porque é meu...seja lá o que isso for, com tudo o que filtro, daqui e dali.

Magnólia disse...

Calculei que fosse teu, apenas me queria certificar para não te citar erradamente.
Amei o texto!!

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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