"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, julho 16, 2007

a propósito de fantasmas, nevoeiro, janelas e tudo o resto

Tu já me arrumaste no armário dos restos
eu já te guardei na gaveta dos corpos perdidos
e das nossas memórias começámos a varrer
as pequenas gotas de felicidade
que já fomos.
Mas no tempo subjectivo,
tu és ainda o meu relógio de vento,
a minha máquina aceleradora de sangue,
e por quanto tempo ainda
as minhas mãos serão para ti
o nocturno passeio do gato no telhado?

Isabel Meyrelles



David Lubbers
Stairs and Branch,
San Cristobal




É perigoso debruçar-se
na janela dos fantasmas!
Podes encontrar o lobisomem
ou Erzsébet a sangrenta
podes também encontrar-me
e o meu sumptuoso cortejo de carícias
ou posso eu encontrar-te
(serás então de âmbar e nevoeiro).
Qual de nós
saberá então
reconhecer os fantasmas?


Isabel Meyrelles

1 comentário:

Natália Nunes disse...

Ótimo!!
Sobretudo a primeira parte.

"Mas no tempo subjectivo,
tu és ainda o meu relógio de vento".

Tão lindo isso!
É a tal memória emocional...

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: