"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

terça-feira, dezembro 09, 2008

W...


foto by Ana C., petit prince, serralves, expo Juan Munoz, Nov.08


a casa esvaziou-se de ti outra vez. é sempre assim em cada inverno. e é sempre assim também que me despeço de ti: mudando o lugar dos móveis, reocupando o espaço da tua ausência, como se a casa readquirisse novas dimensões, ou como se apagando, aqui e ali, os vestígios da tua presença, me fosse mais fácil acreditar num regresso. já me habituei a perder-te temporariamente, sob o pretexto de que é preciso ir para se crescer.
desconfio que ainda não é desta que nos perdemos um do outro. o verão não tardará a chegar e com ele de novo as tuas coisas espalhadas pela casa, o teu jeito particular de chamar pelos gatos espreguiçados ao sol, a tua música a descer pelas escadas...a ir buscar-me à rua. e, de novo, as nossas conversas e partilhas antes de adormecermos, tantas vezes, lado a lado, como se a noite fosse um território demasiado vasto para nele se sobreviver a sós.
daqui, desta cidade ao fundo da rua, um abraço da tua sempre cara de um sapo.

2 comentários:

hiddentrack disse...

que cara de um sapo...

:)

*

Menina Limão disse...

cara de sapo, não te livrarás dela tão cedo :D

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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