
in strange form of life
(O POEMA FLUTUANTE SEM NÚMERO)
XVII
Ninguém está destinada ou condenada a amar seja quem for.
Os acidentes acontecem, não somos heroínas,
acontecem nas nossas vidas como desastres de carro,
livros que nos mudam, bairros
para onde nos mudamos e de que aprendemos a gostar.
Tristão e Isolda não é propriamente a história,
as mulheres pelo menos deviam saber a diferença
entre o amor e a morte. Nenhuma taça de veneno,
nenhuma penitência. Apenas uma noção de que o gravador
devia ter captado um vislumbre de nós: esse gravador
não apenas tocado mas devia ter-nos escutado,
e dado instruções a quem vem depois de nós:
isto fomos, foi assim que tentámos amar
e estas são as forças que tínhamos alinhadas contra nós,
e estas são as forças que tínhamos alinhadas dentro de nós,
dentro de nós e contra nós, contra nós e dentro de nós.
(Foi por este poema que a poesia de Adrienne Rich fez sentido em mim.
Entro em 2010, como que por acidente. Nada de destinos. Nada de condenações.Os anos passam e, de forma mais ou menos desastrosa, há coisas que nos mudam; há coisas que mudamos; há coisas que simplesmente acontecem.)
1 comentário:
nada de condenações, há qualquer coisa de infortúnio aqui.
...
Enviar um comentário