Hoje acordei com a vizinha de cima a dizer caralhadas - desculpem as meninas! - e a fazer berrar a criança. Os meus gatos não paravam de arranhar a porta da cozinha. Hoje acordei com o toque do telemóvel e um amigo a pedir-me guarida. Hoje acordei e pensei: tão bom se pudesse ir ver o mar! E ao fundo a janela, o rio e o mar numa simbiose perfeita. A janela que vai deixar de ser. A casa que vai deixar de ser. A vizinha que vai deixar de ser. Às vezes, é preciso sacrificar uma janela para se poder respirar o mar.
Ontem disseram-me que nunca digo o que vai no mais fundo da minha alma. Só se o fizer para dentro de um buraco negro. Há pessoas que nunca estão satisfeitas com o grau de partilha a que se chega. Dois cigarros depois já nada disso importa. Apenas o cigarro que se vai fumar a seguir. Ontem, ainda, conseguiram insultar-me entre referências a um poema do al berto. Sabes? gosto especialmente desta parte: "desconfio que se disser mar em voz alta, o mar entra pela janela." O café arrefece. E ontem fotografaram-me. Não sei bem porquê. Tentei sorrir. Fingi. Não fingi.
E tudo isto podia ser verdade. Tudo isto podia ser mentira.
"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
sábado, janeiro 20, 2007
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5 comentários:
que saudades da tua janela. do mar e dos cigarros.
o que está para lá da janela pertence aos olhos e, depois, à lembrança. e as janelas reinventam-se. e eu, já disse aqui, gosto de coleccionar janelas.
já re-escrevi uma série de x o comentário que quero deixar aqui, acontece que não sei como dizer o quanto gostei de ler este desabafo (posso chamar-lhe desabafo?), tem um ritmo tão... genuíno.
é isso! genuíno.
:)
sim, podes chamar-lhe desabafo. e "genuíno" é um adjectivo que lhe fica bem. e já é pretensioso o suficiente que assim o pense. ;-)
a consciência existe para não sabermos como lidar com ela... de tudo, guardo a ideia de um possível café. e o resto são linhas que não reescrevo. até breve.
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