Bar
Não me ofereces uma rosa?, perguntou,
quando nos seus olhos se imobilizaram os
grandes lagos.
Mas como,
se sou apenas a cruz, a coroa de espinhos,
a esponja, sangue e vinagre,
um vulto aqui, junto à porta, três palavras e
nostalgia,
três palavras sem nexo,
sem culpa, sem destino,
se num espelho, ao fundo, vejo a ausência do
amor,
se, de repente,cai um machado de pedra sobre
os meus ombros que se inclinam?
Será esta a canção dos amigos mortos?
Morte, sempre a imperecível concubina,
sempre a carruagem que parte para a planície de
vidro e argila,
morte de um verso e de outro verso,
dos sonhos que cruzam as cidades indignas,
morte da água de beber,
morte da flor da ternura.
Aqui cheguei uma noite,
aqui em mil noites vi as cisternas de uma sede
insaciável,
vi as lágrimas de uma imensa perdas e às vezes,
tão poucas vezes, sorri,
ofereci uma rosa,
quis perder-me nos grandes lagos,
quis apenas um gesto,
uma dilacerada beleza.
Todos acabámos por partir.
Já esqueceste o meu nome.
E agora chove.
José Agostinho Baptista
Az
isto pode parecer demasiado mórbido, obscuro, não sei...mas ontem, enquanto caminhava à noite, a seguir ao jantar, antes do meu resto de final de dia, pensava: tenho 31 anos, já tenho idade para morrer. e acho que não estava dentro de nenhum delírio literário...
"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
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3 comentários:
Não é mórbido! Aliás, só pensares que já tens idade para morrer aos 31 anos é positivo, não é?
pois, talvez seja.
31 anos pode ser apenas o começo...
pensa que vais ter pelo menos mais 31 pela frente.
Isso é tanta vida para viver!
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