desilude-me a página em branco
esta incapacidade de fazer nascer palavras por entre o desenho das letras
há pouco era a chuva
ou a impressão do vento na janela
e nada mais
nem já a lembrança dos teus olhos
ou do sorriso escondido atrás das mãos,
nem já a ternura,
nem já a raiva, ou a mágoa,
ou o grito
por estes dias, por dentro destas horas,
todas as palavras me resistem
ainda assim, o silêncio
ainda assim, esta mensagem que me deixaste esculpida nas mãos
"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
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5 comentários:
A culpa é deste tempo instável. Abril é uma seca. Empresto o livro, claro, companheira de leitura :)
ainda assim, prefiro uma página em branco que os disparates das palavras mal amadas.
Que as palavras continuem a nascer dentro de ti, hoje e sempre...
às vezes, saem disparates mesmo e como lamechas que sou as tais palavras "mal amadas", se é que entendi o que quiseste dizer.
agora entendo a mensagem esculpida nas mãos...talvez o silêncio.sim, talvez. durante uns segundos, uns minutos. mas as palavras não te resistem. talvez essas palavras não fossem tão mal amadas, mas uma consequência da já não raiva, mágoa ou grito. guarda a ternura do silêncio e da página em branco.
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