"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, junho 04, 2007

vou anotando num caderninho sem linhas tudo aquilo que te quero dizer mas ainda não soube como. à medida que me vou lembrando, ao mesmo tempo que o verão se acomoda às tardes, às folhas das árvores, às raízes dos dedos, à terra que não toco, aos cabelos amarelecidos pela luz. planeio o funeral das minhas expectativas. imagino-lhes o esqueleto carcomido. as flores a adornar-lhes o caixão. amarelas, brancas, azuis. nenhuma oração as salvará do fogo lento do esquecimento. a tua voz há muito que as condenou.
num caderninho sem linhas, em vários, tantos que já lhes perdi a conta, acumulados em gavetas, todos os ritos fúnebres. o luto. o choro. o riso. a palavra. este silêncio. estes olhos que baixo - não sei já em que direcção para te olhar.
não vou festejar mais esta morte. desculpa mas desta vez - e nunca se sabe se será a última- vou recusar-te um talvez.

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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