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©ana
a tarde escorre nas janelas. lá fora é outro cá dentro.na forma como as traseiras das casas me preenchem os sonhos. me levam de volta a lugares que deixei de visitar. o cão a esgravatar a terra. as laranjeiras abandonadas a setembro. reclamo o outono à medida que as cores mudam paisagens. nada se mantém como nas fotos. nem as mãos. nem os pulsos à volta dos quais ato pulseiras. não quero lucidez nas palavras. fujo porque me dói a ausência de dor. porque me agarro sempre antes do chão. duvido cada vez mais da minha própria existência. e não quero provas do contrário. basta sentar-me neste lugar de ausências, a acender cigarros com a perícia de um desastrado, e a ouvir Tom Waits dizer I never felt my heartstrings until I nearly went insane.
5 comentários:
Forte...
a fuga, num trilho, que é dor. a dor que nos atrai e nos assola. e que sempre procuramos. é sempre lindo ler-te, sinto-te desdobrar em palavras que me tocam como gotas de chuva.
deixo-te um beijo.
boa noite.
Suspensa a um ar estático, a uma avalanche a percorrer o buraco. lágrimas escuras dentro de um mar seco.
Sinto-me imensamente igual a mim, fugidia deste mundo, dos rosto perfeitos.
ana
…
Pelo controverso…
É tudo tão fugaz, o amor em qualquer uma das nossas carências, dos nossos medos. Tudo sobre o baloiço, sobre as cores dos céus.
Vejo sempre os corpos apaixonados, os olhos sobre o discurso do tal amor. Vejo o mesmo desejo nos retratos, a mesma ânsia de possuir. Vejo os dias tão pequenos nos centros destes contos.
Parece-me isto tão cúmplice, tão mentiroso no decorrer dos trilhos, e eternamente as nãos singelas.
ana
e o cão esgravata ainda a terra porque lá enterrou algum sonho...
um abraço.
é bom encontrar-vos também aqui.
(rodeio-me do meu próprio nome)
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