"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, setembro 17, 2007

insanity


©ana

a tarde escorre nas janelas. lá fora é outro cá dentro.na forma como as traseiras das casas me preenchem os sonhos. me levam de volta a lugares que deixei de visitar. o cão a esgravatar a terra. as laranjeiras abandonadas a setembro. reclamo o outono à medida que as cores mudam paisagens. nada se mantém como nas fotos. nem as mãos. nem os pulsos à volta dos quais ato pulseiras. não quero lucidez nas palavras. fujo porque me dói a ausência de dor. porque me agarro sempre antes do chão. duvido cada vez mais da minha própria existência. e não quero provas do contrário. basta sentar-me neste lugar de ausências, a acender cigarros com a perícia de um desastrado, e a ouvir Tom Waits dizer I never felt my heartstrings until I nearly went insane.

5 comentários:

Natália Nunes disse...

Forte...

Anónimo disse...

a fuga, num trilho, que é dor. a dor que nos atrai e nos assola. e que sempre procuramos. é sempre lindo ler-te, sinto-te desdobrar em palavras que me tocam como gotas de chuva.
deixo-te um beijo.
boa noite.

Anónimo disse...

Suspensa a um ar estático, a uma avalanche a percorrer o buraco. lágrimas escuras dentro de um mar seco.
Sinto-me imensamente igual a mim, fugidia deste mundo, dos rosto perfeitos.

ana

Anónimo disse...


Pelo controverso…

É tudo tão fugaz, o amor em qualquer uma das nossas carências, dos nossos medos. Tudo sobre o baloiço, sobre as cores dos céus.
Vejo sempre os corpos apaixonados, os olhos sobre o discurso do tal amor. Vejo o mesmo desejo nos retratos, a mesma ânsia de possuir. Vejo os dias tão pequenos nos centros destes contos.
Parece-me isto tão cúmplice, tão mentiroso no decorrer dos trilhos, e eternamente as nãos singelas.

ana

ana c. disse...

e o cão esgravata ainda a terra porque lá enterrou algum sonho...

um abraço.
é bom encontrar-vos também aqui.

(rodeio-me do meu próprio nome)

Ontem foi:

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A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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