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©ana
no fechar das pálpebras, ainda o recorte nítido daqueles esqueletos de árvores de um qualquer verão com fogo dentro. trago as mãos nos bolsos, fechadas contra o frio. andam por aí a vender o outono: castanhas e marmelos, as últimas uvas, dióspiros, mel. levo os dedos ao pote e vem-me à boca o cheiro das folhas avermelhadas a caírem na berma das estradas. a cor do sol a despenhar-se vale abaixo. o rumor da canção que acendi despropositadamente só para evitar um cigarro. aquele vinho enganou-se na morada. tinha sabor de planície. de seara alta penteada pelo vento. talvez seja apenas uma leve impressão minha. insensatez. ou, então, esta terá sido mais uma viagem em sentido contrário.
3 comentários:
gosto muito da prosa que vais escrevendo por aqui, ana. (isto anda mesmo bom)
definitely. ( e as fotos então... como já é habitual)
obrigada.
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