"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

quinta-feira, novembro 15, 2007


Teresa Sá


Doces braços abandonam o teu cansaço,
o casaco na cadeira, faz calor lá onde vais, não precisas dele.

Vendes a casa se chegares e eu já não estiver,
vendes a casa e vais para onde eu não esteja e a lonjura
dessa ausência me traga imensamente mais perto.

Procuras onde eu possa sentir saudades do teu suor de ténues despertares
despes-te sem que eu tenha pressa de correr as persianas.

Queres águas onde caia a lua,
um incidente.

E dizes: vendo a casa se chegar e cá não estiveres,
vendo a casa e vou para onde eu não esteja e a lonjura
dessa ausência me traga imensamente mais perto.

Digo-te adeus do cimo das escadas, os gatos adormecem nos degraus
e o sol não tarda.
No casaco, na cadeira, a impressão ainda de respirares.

Apetece-me a primavera contigo.


Andreia C. Faria

(porque escreves tão bem hoje apeteceu-me "roubar-te" este poema de casa. e acho que vou passar a fazê-lo mais vezes, daqui em diante.)

1 comentário:

Happy and Bleeding disse...

para 'ladronas' destas coisas bonitas haverá sempre perdão :)

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: