"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

quarta-feira, dezembro 12, 2007

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.por defeito ou feitio.
pouco tenho a dizer que não tenha já dito.
repito-me em banalidades.
sim, já ouviste isto. sim, já to disse.
quantas vezes? quantas vezes mais vou achar que o não disse?
desculpa. o meu vocabulário é reduzido. circular.
já experimentei o silêncio. mas não tenho muito jeito.
só quando deito os olhos nos bancos de igreja.
e fico a passear os dedos por todos os corpos ausentes.
confesso-me às flores. arranco-lhes as pétalas.
sou culpada por tudo o que não fiz.confesso que sim.
até agora nada de novo.
gosto de mãos que despenteiam sem ruído.
eu era o que ainda não sou.
mas, apesar de tudo, não minto.


©nelson d'aires

4 comentários:

Natália Nunes disse...

era o que eu precisava ler hoje, lindíssimo!

Anónimo disse...

Um blog para visitar:
noites-de-lua-branca.blogspot.com

Flávia Vida disse...

uau...
muito lindo ...

[como tudo que aqui escreve. adoro!]

:)

ana c. disse...

muito obrigada pelas vossas palavras.

um abraço

Ontem foi:

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A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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