"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

sábado, janeiro 26, 2008

As fotografias *

*
Era quase no inverno aquele dia
Tempo de grandes passeios
Confusamente agora recordados -
A estrada atravessava a serra pelo meio
Em rugosos muros de pedra e musgo a mão deslizava -
Tempo de retratos tirados
De olhos franzidos sob um sol de frente
Retratos que guardam para sempre
O perfume de pinhal das tardes
E o perfume de lenha e mosto das aldeias

Sophia de Mello Breyner Andresen



Este poema fez-me recuperar o sentido destas fotografias. Uma manta de retalhos de um lugar que já não existe como me ficou na memória.



Terra de gente morta, desaparecida, de quem esqueci o nome, o rosto. Crianças que nunca cresceram. Adultos que nunca partiram.



A placa com o teu nome. O teu pinheiro manso. Sei agora que sobrevive aos dias com a mesma força de outrora. Espreita ainda as fontes, o verde interminável que se funde no azul.


.....

Manta de retalhos para sempre incompleta.

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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