Era quase no inverno aquele dia
Tempo de grandes passeios
Confusamente agora recordados -
A estrada atravessava a serra pelo meio
Em rugosos muros de pedra e musgo a mão deslizava -
Tempo de retratos tirados
De olhos franzidos sob um sol de frente
Retratos que guardam para sempre
O perfume de pinhal das tardes
E o perfume de lenha e mosto das aldeias
Sophia de Mello Breyner Andresen




Este poema fez-me recuperar o sentido destas fotografias. Uma manta de retalhos de um lugar que já não existe como me ficou na memória.




Terra de gente morta, desaparecida, de quem esqueci o nome, o rosto. Crianças que nunca cresceram. Adultos que nunca partiram.




A placa com o teu nome. O teu pinheiro manso. Sei agora que sobrevive aos dias com a mesma força de outrora. Espreita ainda as fontes, o verde interminável que se funde no azul.
.....
Manta de retalhos para sempre incompleta.
Sem comentários:
Enviar um comentário