"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
domingo, fevereiro 03, 2008
cig harvey
a partir de hoje as mãos estarão sepultadas longe
do corpo
na terra, vermelha, húmida, barrenta
incapaz de engolir a saliva das palavras
a gota de esperança dos vidros embaciados
o meu coração é um cemitério de cadáveres vivos
é costume festejarmos a lua à volta da mesa
um copo e um cigarro, os lábios esborratados de silêncio
a linha preta a contornar o horizonte dos dedos
os pés crescem para fora dos ossos
a carne transborda o sangue côa nas veias
domingo à tarde e as magnólias demoram-se nas avenidas
é capaz de chover é capaz de me apodrecer a pele
a raíz dos cabelos
o borboto das camisolas de lã
hoje morreu mais um poema morreu de fome e de sede
e de doçura
hoje
porque hoje não saberei dobrar as esquinas
sem que me perca das cidades que costuro
na margem irregular dos bolsos
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4 comentários:
(...)
(vês?)
(é muito bom)
(um beijo grande)
(...)
Excelente. Mesmo.
ana, gosto muito deste texto. a determinada altura ganha um ritmo belíssimo e as imagens criadas são brilhantes.
bom ler-te.
também é bom ler-te. crias imagens muito bonitas no teu espaço.
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