*daniel blaufuks
há sempre beleza nas janelas mesmo quando espreitam nevoeiro dentro
de olhos embaciados pelo frio das manhãs
ainda assim os gatos escorregam pelos telhados
ainda assim as gaivotas sobrevoam contra o silêncio das bocas
tu abres e fechas a porta da rua sacodes a humidade dos sapatos no tapete
tinges de doçura os cabelos ao encontro dos teus dedos
o teu regresso é a minha única fuga
se te peço não ignores
deita-me nos teus lábios se souberes como
rasga-me o interior do medo
conta-me histórias de combóios perdidos nas tuas viagens
assinala-me a vermelho as cidades onde morreste no vazio de outro corpo
a casa imaginada no cimo da montanha a árvore a resvalar inquieta sobre o vale
à superfície da água respira-me do avesso
à tona à toa como se nadar fosse a mais complexa ciência
e eu fosse de todos os Homens o mais ignorante
*
(se te explicasse agora isto. esta flor. esta pétala a nascer-me por entre os dedos.este líquido perfumado a crescer-me nos lábios. se te explicasse agora. morrerias, de certo, por contágio.)
9 comentários:
Gostei muito de ler.
Intenso, complexo...
Inexplicavelmente contagiante e profundo.
CPO
respirar-te
à tona à toa
morrer(-te)
(já pensei usar essa imagem muitas vezes)
e belo é este despertar do sol por entre o nevoeiro do inverno...
(usa a imagem. nada se repete.)
belas são as tuas palavras,
"as cidades onde morreste no vazio de outro corpo"
estremeço,
inquieto percorro os mapas do passado em busca dessas cidades
tens escrito belíssimos poemas
:)
andas a escrever muito bem. Nota-se uma grande evolução. fico atenta :)
este líquido perfumado a crescer-me nos lábios.
gostei muito (que é sempre dizer muito pouco)
de tudo aqui.
beijinho, ana.
um abraço a todos.
também vos vou lendo...
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