O homem da casa dos livros. Conheci-o hoje. Tinha olhos de mar. Uma “risca de mar ao fundo da rua*” de estantes. Os olhos. Vem e debruça-te no parapeito. Vê. Uma casa forrada a livros. Arrepia, não é? Até a pele fica a cheirar a livros. Cheira a livros a roupa. As mãos que viajam página a página. Cheira a livros. As lombadas envelhecidas. Os títulos gastos. A boca cosida a palavras. E a música dos corredores. Os discos antigos. Os objectos antigos. Raridades. Dá medo tocar. Eu quis ser um livro naquelas estantes. Eu quis que alguém tocasse à campainha, entrasse e me levasse para dentro da sua roupa, me guardasse próximo do respirar da pele. Eu quis que não me morressem tantas palavras na boca como as que me têm morrido por estes dias. Eu quis saber dizer para que ficasse, assim, gravado a tinta de máquina de escrever, dactilografado, numa página antiga, amarelecida. Eu quis. Tantos livros. E tantas palavras que desconhecemos como se pronunciam.
Por exemplo, adeus.
*al berto
"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
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2 comentários:
Que, depois de lido, ficar esquecido numa prateleira ou voltar ao conforto do alfarrabista. Ter por ter... Ser por ser... A vida é rápida nestes posts.
"ter por ter...ser por ser...A vida é rápida nestes posts."
não entendo. ter por ter, ser por ser, nunca será o meu lema de vida.
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