"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

segunda-feira, junho 16, 2008

secret heart*


ana c.

Coisas sobre as quais ainda não escrevi nem vou escrever acumulam-se nas páginas brancas dos caderninhos que transporto no bolso, na mala, na mochila, na mão. É aí que guardo as sensações das viagens que vou permitindo ao corpo. Das paisagens que me entram pelos olhos mesmo quando durmo. Dos concertos a que não assisto ao teu lado. Dos livros que começo como desculpa para respirar longe da minha própria história. E acabo tão perto. A primeira vez este ano que pisei o mar e bebi goladas de areia pelas arestas dos pés. O nevoeiro a descer sobre as dunas onde em vez de casas deixaram crescer moinhos. O carro estacionado rente à estrada como a mão estaciona delicadamente rente aos cabelos do vento. Choveu no verão e o limpa-pára-brisas adormecido numa madrugada de domingo.
Quase te vejo chegar. Enquanto aprendo o riso e a fala e a importância dos dedos. Não é mentira que há palavras que se esquecem. Mas é mentira que jamais as voltaremos a lembrar um dia. Mais tarde.



*secret heart, Feist
(A propósito de Feist, a aula magna encheu-se. Bateu palmas em demasia. Não foi mágico. Mas teve momentos de grande magia.)

Sem comentários:

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: