"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

quarta-feira, setembro 30, 2009

Enero

Lunes, 20


Un encuentro sexual no compromete a nada. Sólo dos seres sedientos que se unen en el desierto para ir en busca de la calma.
Pero esto es independiente del hecho fundamental: el encuentro sexual no compromete a nada.
Profundo asombro.Qué relación hay o pude haber entre ética e sexualidad? Por qué?"lo prohibido"?No puedo comprenderlo.


(quiero nadar desnuda en tu sangre)

Alejandra Pizarnik, Diarios

terça-feira, setembro 29, 2009


Joana Linda

taquicardia: quando te respiro em demasia, quase sufoco e o coração oscila na pauta, arrítmico.

ou, simplesmente, excesso de cafeína.

(é urgente. pode ser urgente. às vezes, chamar por ti.)

sábado, setembro 26, 2009

Little Shadow - yeah yeah yeahs




Patience, shadow. While you're sick, there's no sight to see.
Little shadow, little shadow.
To the night, will you follow me?
Pardon, shadow, hold on tight to your darkened key.
Little shadow, little shadow.
To the night, will you follow me?

Closer, shadow, volume strikes, still we're cut free
of this song, little shadow
To the night, will you follow me?
Hey, shadow, stars, break of dawn, take a turn for stars, to my fantasy
Little shadow, to the night, will you follow me?
Little shadow, to the night, will you follow me?

quinta-feira, setembro 24, 2009

Das portas trancadas

















Ana C.


Doem-me as portas trancadas.
As que abanamos e não se conseguem abrir.
Das que se perderam as chaves.

As chaves das portas trancadas que não se conseguem abrir.

Penso nas portas trancadas da tua casa.
As chaves que se escondem e não mais aparecem
a porta do teu quarto que range sempre que a abres
ou quando se tosse uma réstia de vento.

A madeira sólida do teu quarto
os raios anelares das árvores
agora sem vida
trancam o teu quarto
conservando a resina que cola os meus cabelos à tua porta.

As unhas negras.

O sangue coagulado.

A dor.

A cor.


De como a tua porta se tranca trilhando os meus dedos de solidão.

Joana Serrado, Emparedada/ Uit de muur



As circunstâncias em que ficamos a conhecer um livro nada acrescentam, na maior parte das vezes, ao efeito que ele pode ter sobre nós. A mesma coisa sobre conhecer, ou não conhecer, pessoalmente o seu autor. Fosse a Joana Serrado uma desconhecida, a simples autora do já descoberto Tratado de Botânica, e este poema teria tido o mesmíssimo efeito em mim. O efeito de emparedamento...(Peço desculpa mas não consegui respeitar a formatação original do poema.)

quarta-feira, setembro 23, 2009

















Ana C.

as aves descem com a tarde
pousam telhados sobre as casas e ficam a admirar o teatro das janelas

há flores e gatos e mãos e olhos
à espera

um cinzeiro
um cigarro a morrer sem boca para o segurar

eu corro
embalo dúvidas no dobrar de cada esquina

gostava de uma mão a puxar-me para fora da estrada
o vento que empurra
a chuva que distrai o passo

uma curva fechada para me despistar

e um vestido vermelho
para no fim de tudo isto
continuar sem saber nada
mas ao menos
sentir-me a
destoar
houve um tempo em que me dediquei às montras da cidade, aos reflexos, aos cabelos penteados dos manequins, aos vestidos e à pele plastificada, aos espelhos de luz, ao entardecer a desbotar nas vidraças, às ruas com semáforos, aos carros em slow motion, verde-amarelo-vermelho-verde...um cigarro descaído, o tremer da câmara nas mãos, a lente desfocada...e a cidade, apenas um reflexo de outro qualquer reflexo.

sexta-feira, setembro 18, 2009

-Viajas para reviver o teu passado? - era agora a pergunta do Kan, que também podia ser reformulada assim:
- Viajas para achar o teu futuro?
E a resposta de Marco: - O algures é um espelho em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu, descobrindo o muito que não teve, nem terá.

Italo Calvino, As cidades Invisíveis

quarta-feira, setembro 16, 2009

poemóvel II

repara: eu não me queria perder, incomunicável, no mundo,
numa língua tão diferente da tua. e da minha.
eu juro. eu tentei fazer uma busca manual de rede.

segunda-feira, setembro 14, 2009

poemóvel

o teu pin bloqueou o meu puk.
desactivamos definitivamente ou pedimos uma segunda via?


p.s.: entrega-me ao domicílio.

segunda-feira, setembro 07, 2009

quando o poema se cumpre*

















Ana Salomé - Lume

(...)

Comecei a fumar para te pedir lume.
Para passar o frio.
Descobri que não viria a morrer
Nem de cancro pulmonar, nem de amor,
mas da própria morte, mal o lume se apagou
e o café fechou as portas. Para sempre.


Alice Turvo - Férreos Transversais

(...)

O amor dito de palavra é açúcar nos ferrolhos da boca, amor adoçado nas gengivas como um beijo de campânula. Amor que sobra das palavras dorme ao relento de corpo purgado ao vento, escavacando as ervas-beldroegas com as suas garras de leão-persa. Aos olhos de um amor que ainda ama, a infinidade da noite é uma mentira eléctrica serpeando que nem enguia o choro das caldas de Cáspio. Aos meus olhos, o limbo da noite é estonteante e latente, dos olhos às mãos, e do peito à memória, uma âncora no céu-da-boca.

Joana Serrado - Contributos para uma botânica feminista

Sei que tu tens um gineceu. Eu também tenho um androceu. Se fossemos
coerentes, nem sequer falávamos. (L)íamos.


Leio-te em Braille, cega de tanto te esperar.


Maria Sousa

como sou incapaz de contar histórias fotografo corpos
muitas vezes como maneira de agarrar o vento
faço construções de quem conhece por dentro a monotonia
e para aumentar o grão
anoto o vermelho que trespassa o olhar vazio

quinta-feira, setembro 03, 2009

Setembro é quase outono.

















Ana C.



mais um verão a atravessar-me o bulício das horas. nunca mais a promessa se cumpre. nunca mais aprendo a nadar.

Ontem foi:

About me:

A minha foto
a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: