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Manuel Alvarez-Bravo
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Quando não te vejo, o meu relógio "anda" sem corda; os sapatos andam trocados, de ternura (esqueço-me de os calçar bem, de manhã), não compro tabaco, eu, que fumo locomotivamente; pardais acercam-se, entram no saco de plástico e levam-me o pão. Sem ti, sou a minha estátua.
Há um friso na minha consciência - o da mitologia católica; é como uma catedral. Bem tento prender-me a ti, para salvar-me. É inútil. Há qualquer coisa que não me dá tréguas. Não posso lutar contra um inimigo que não distingo bem, na bruma.
Sebastião Alba, Albas, livro VI, Alba y yo (y los demás)
1 comentário:
Não te prendas. não faças de ti a estátua que o outro quer na prateleira da adoração...
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