"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

sexta-feira, maio 11, 2007

Amor Brujo


Manuel Alvarez-Bravo


/178/

Quando não te vejo, o meu relógio "anda" sem corda; os sapatos andam trocados, de ternura (esqueço-me de os calçar bem, de manhã), não compro tabaco, eu, que fumo locomotivamente; pardais acercam-se, entram no saco de plástico e levam-me o pão. Sem ti, sou a minha estátua.
Há um friso na minha consciência - o da mitologia católica; é como uma catedral. Bem tento prender-me a ti, para salvar-me. É inútil. Há qualquer coisa que não me dá tréguas. Não posso lutar contra um inimigo que não distingo bem, na bruma.

Sebastião Alba, Albas, livro VI, Alba y yo (y los demás)

1 comentário:

Mary disse...

Não te prendas. não faças de ti a estátua que o outro quer na prateleira da adoração...

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

Sopra-me ao ouvido: