"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

sábado, maio 05, 2007

menino da lua


Az


ele subiu à montanha. levou à boca um pedaço de azul e deteve-se lentamente no recorte das nuvens. depois, retomou o caminho. descalça, a alma pedia o conforto de outras mãos. e a cidade, longínqua, descrevia o regresso dos peregrinos. pelo caminho deixavam as portas escancaradas e os dedos curvos de se moldarem às pétalas das flores. chegaria o tempo em que o próprio caminho se faria peito adentro, no íntimo das casas, no interior dos quartos, entre as paredes de um livro, entre as folhas que cobrem as camas. a meias, lado a lado, os homens seriam profetas, sábios de qualquer segredo, fluentes em qualquer alquimia... nasceriam pássaros e flores do olhar. cresceriam árvores nas pontas dos dedos. isto foi o que pensou. mas já não era azul à sua volta. apenas a almofada, onde esperava não adormecer sozinho.

isto a propósito da tua última subida à montanha. espero-te cá em baixo. falta já tão pouco!

3 comentários:

Anónimo disse...

ainda só tinha lido o titulo e sentia que era para mim ;)
obrigado, gosto quando escreves para mim e de mim. depois do corpo quente vou andar à chuva até ter um dente debaixo da almofada...

ana c. disse...

convida-me para a chuva!

Anónimo disse...

sabes que não preciso de convidar ;)

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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