"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro

quinta-feira, maio 24, 2007

Santiago-Finisterra, 20-23 de maio 2007

84,50 km mal divididos por 4 dias.os pés não se queixam. as costas não se queixam. os olhos, a pele, os sentidos...esses, sim, queixam-se deste regresso à rotina!


notas de viagem:

enfeito os teus cabelos com flores do caminho.

sou uma árvore a dançar entre azuis.

sei agora: um combóio partiu contigo dentro.

tão certo como o sorriso ser a melhor forma de abraçar.

quero misturar-me aqui e não mais separar da pele do corpo estas cores, estes cheiros.

a mão é grande e não nos permitirá a queda.

por entre a saudade, esta janela hoje saber-me-á a um abraço.

como na última ceia, fomos 13 a ocupar os lugares à mesa.

janela para o mar e uma promessa.

zeca afonso no lugar onde a terra acaba.

fumar mata.

queimo os atacadores das sapatilhas e regresso mais leve.

pedras, folhas, flores, conchas e algumas gotas de chuva, algumas gotas de mar, na mochila.

a pele é areia de praia.

ardem-me poemas nos dedos.

os meus cabelos, presos num lenço, esperam que os desenroles nos lençóis do teu peito.

só o coração sabe verdadeiramente o nome das coisas que ficam.



agora que aqui estou como fazer para voltar?

2 comentários:

Cometa 2000 disse...

como um caminho revi os meus passos no texto.

quando, deitei fora o pente que me pesava a mochila e troquei-o por uma folha de pleno verão.

quando o coração no silêncio descobre verdadeiramente o nome das coisas que ficam.

:)

Anónimo disse...

Não faças para voltar, adia o encantamento por mais uns dias. Depois as coisas acabam por nos obrigar a regressar. Gosto das tuas notas de viagem, reportam-me imediatamente para alguns lugares e momentos. Foi tão bom!

Ontem foi:

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a entropia é a minha religião. alterno a leitura da bíblia com a interpretação de mapas e mãos. bebo, preferencialmente, azul. tenho, ainda, o hábito de escrever cartas_

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