Não existe outra vida para além desta. A morte é uma desculpa.E há sempre uma desculpa para o fim. O que vivemos hoje, vivemo-lo aqui e agora. Não há botão de repeat, rewind, fast forward ou afins. Isso são funcionalidades apenas de electrodomésticos - é uma outra espécie de existência, a nossa. O único passado que existe é o que já vivemos. Aquele que trazemos agarrado ao corpo, em ferida, em crosta, ou em pele sarada e nova. O que errámos ontem, hoje ou vamos errar amanhã não pode ser corrigido noutra vida. Não há karmas. É aqui, neste mundo, com esta vida, com este rosto, com estas mãos, com esta voz, com este olhar, com esta forma muito própria de mover o corpo, de entregar os sentidos, de abrir os braços, que nos enrolamos e desenrolamos em novelos de estórias de amor, de amizade, de mágoa e de perda. O que não vivermos agora, ou amanhã, não viveremos, certamente, depois de mortos. Mortos, somos tudo aquilo que fomos e o que deixámos de ser.
Chego à conclusão que acreditar numa outra vida é para gente demasiado pretensiosa. Não é para mim.
"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
sábado, novembro 08, 2008
Etiquetas:
breves anotações sobre a perda
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1 comentário:
Muito bonito e realista:-)
Não posso deixar de o comentar pois certamente não terei outra vida para faze-lo:-)
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