



Az, colecção auto-retratos
sim, é verdade, voltei a acender o cigarro pelo filtro. e nem sequer foi a chuva a distrair-me. talvez, tenha sido culpa do isqueiro. morreu na minha mão logo a seguir. último sopro de chama. talvez tenha sido a melancolia dos tindersticks. ou os espaços vazios entre estas paredes. talvez o parágrafo inacabado que não me sai da cabeça. talvez o absurdo de já não te pensar como antigamente. sabes, não comentes isto muito alto, mas gosto de mentir quando escrevo. as mentiras acumulam-se como beatas em cinzeiros esquecidos sobre as mesas de café. tenho 300 páginas de mentiras por construir nos próximos meses. dissertação sobre a mentira. eis o que me proponho fazer, entre teorias sobre uma modernidade que de tardia só a chama de um isqueiro morto entre as mãos.
caio horizontal-mente na urgente resposta à tua fuga.e isto nem sequer se assemelha a um ponto final.