"Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."
*Alberto Caeiro
sexta-feira, agosto 31, 2007
©ana
fechadas as janelas do jardim,
nem o sorriso se escancara.
corro em semi-círculos,
sem acrobacias,
à descoberta de labirintos de estátuas
e de escadas onde heras crescem enleadas
em feixes de luz.
os troncos das árvores retorcem memórias
e há rectângulos de relva que reflectem nos olhos o azul.
a água é templo onde as mãos buscam saber o secreto flutuar dos corpos.
daqui em diante,
já não me resta qualquer dúvida:
transformo-me num ramo,
a alvoroçar folhas na cadência tímida
de um vento de Outono.
Dar asas
©ana
o primeiro avião da manhã.
os gatos acreditam que pode ser o super-homem.
©ana
de repente, o ruído aumenta. o tráfego aéreo intensifica-se. super-homem só há um e não voa assim!
os gatos alarmam-se!
©ana
de certeza, que não há pássaros do tamanho de aviões?
os gatos debruçam-se sobre a janela.
©ana
asas de pássaros confundem-se nos trilhos dos aviões.
os gatos começam a acreditar que também podem voar.
©ana
sem truques, nem feitiços, os gatos aprendem o vôo.
ficam sentados a lamber o pêlo das asas.
A minha janela das traseiras começa a ser um local privilegiado para se assistir às piruetas no azul...Não os consigo vencer. Conforme sugestão, junto-me a eles.
quinta-feira, agosto 30, 2007
nota manuscrita à margem de um texto de pessanha
Ontem paraste o olhar sobre o mundo e murmuraste:
em minha voz sopra o temor de não te ver
mais do que pelos sinais
que dispersas: pelo tempo, no dorso dos animais.
Nestes, olhando-os como se fossem.
Naqueles, com a fixidez do gelo.
E por que margens do que tocamos
se alimenta a alma das coisas, a fugidia alma,
em que pousa a nossa língua, rasando as marés?
Foste de espuma, ou névoa e gelo,
em mim aguardo a implacável imagem
de te poder tocar.
Ardem as trevas e outros lugares,
Helena Carvalhão Buescu
©ana
em minha voz sopra o temor de não te ver
mais do que pelos sinais
que dispersas: pelo tempo, no dorso dos animais.
Nestes, olhando-os como se fossem.
Naqueles, com a fixidez do gelo.
E por que margens do que tocamos
se alimenta a alma das coisas, a fugidia alma,
em que pousa a nossa língua, rasando as marés?
Foste de espuma, ou névoa e gelo,
em mim aguardo a implacável imagem
de te poder tocar.
Ardem as trevas e outros lugares,
Helena Carvalhão Buescu
©ana
"Um aviãozinho militar. Atirou uma bomba ao ar. Em que terra foi pa-rar?"
A Red Bull Air Race ainda não passou dos ensaios e já não suporto estas avionetas irritantes!Tenho o azar de em todas as divisões da minha casa conseguir ouvi-las. E isto é muito pior do que uma melga a zumbir-me, durante a noite, ao ouvido.
Muito precisa esta cidade de aumentar o seu ego com este tipo de eventos!...
Muito precisa esta cidade de aumentar o seu ego com este tipo de eventos!...
quarta-feira, agosto 29, 2007
Quase
entre papéis, um envelope para ti. semi-fechado. um evelope com coisas lá dentro. um postal por escrever. um caderninho de folhas brancas e capa preta. também por escrever. um bilhete de metro, obliterado numa das muitas viagens por lisboa. diz que é um bilhete simples, de uma zona. e foi validado em julho de um ano qualquer. o importante é que está validado. nas suas costas, escrevi qualquer coisa sobre as mãos e a distância. no mesmo local onde diz "bilhete caducado". foi às 21h49. no envelope havia ainda uma prata de chocolate dobrada e uma crónica do José Luis Peixoto para o Jornal de Letras de Junho. é uma fotocópia de uma fotocópia que me foi enviada.acho que é daquelas crónicas que deviam circular por muitas mãos e por muitos olhos. porque fala de nomes, de tempo, de palavras, de lábios, de encontros, de distância. de beijos. aproxima-te, sussurra por entre linhas.
entre papéis, um envelope para ti. mas nunca foi verdadeiramente para ti. foi para a ideia que eu fazia de ti. para me convencer de que tinha alguém com quem partilhar pequenas insignificâncias dos dias. alguém com quem sorrir, de vez em quando. alguém com quem viajar de metro, passar por todas as estações, escolher as mais bonitas, validar todos os bilhetes possíveis. coisas simples que nos tornam cúmplices. coisas vulgares que nos tornam humanos. olhos nos olhos, contar-te-ia todos os meus pensamentos mais secretos. mesmo aqueles que nos deixam de faces coradas e de olhar descaído no chão, à procura de qualquer carica perdida para pontapear e desviar a atenção.
se a descoberta deste envelope tivesse sido daqui a muitos anos, certamente não me lembraria do motivo da sua existência. não tem remetente. não tem nome. seria mesmo para ti?
ah, e havia ainda um balão azul. imagino porquê. porque não se consegue guardar num envelope um pedaço de nuvem, nem um fragmento de céu.
quando te voltar a ver, não me perguntes pelo envelope, semi-fechado, onde me guardei dentro. faz como se não soubesses de nada. não era para ti, já o disse. e até porque já rasguei o envelope, enchi o balão de ar e comecei a rabiscar umas letras no postal. até porque o bilhete de metro já não tem validade e a prata já não cheira a chocolate. até porque o Peixoto, entretanto, já escreveu outras crónicas. sim, faz como se não soubesses de nada.encaremos tudo isto assim: como uma verdade quase verdadeira*.
*verdades quase verdadeiras é o título da coluna onde José Luis Peixoto escreve as suas crónicas no Jornal de Letras.
entre papéis, um envelope para ti. mas nunca foi verdadeiramente para ti. foi para a ideia que eu fazia de ti. para me convencer de que tinha alguém com quem partilhar pequenas insignificâncias dos dias. alguém com quem sorrir, de vez em quando. alguém com quem viajar de metro, passar por todas as estações, escolher as mais bonitas, validar todos os bilhetes possíveis. coisas simples que nos tornam cúmplices. coisas vulgares que nos tornam humanos. olhos nos olhos, contar-te-ia todos os meus pensamentos mais secretos. mesmo aqueles que nos deixam de faces coradas e de olhar descaído no chão, à procura de qualquer carica perdida para pontapear e desviar a atenção.
se a descoberta deste envelope tivesse sido daqui a muitos anos, certamente não me lembraria do motivo da sua existência. não tem remetente. não tem nome. seria mesmo para ti?
ah, e havia ainda um balão azul. imagino porquê. porque não se consegue guardar num envelope um pedaço de nuvem, nem um fragmento de céu.
quando te voltar a ver, não me perguntes pelo envelope, semi-fechado, onde me guardei dentro. faz como se não soubesses de nada. não era para ti, já o disse. e até porque já rasguei o envelope, enchi o balão de ar e comecei a rabiscar umas letras no postal. até porque o bilhete de metro já não tem validade e a prata já não cheira a chocolate. até porque o Peixoto, entretanto, já escreveu outras crónicas. sim, faz como se não soubesses de nada.encaremos tudo isto assim: como uma verdade quase verdadeira*.
*verdades quase verdadeiras é o título da coluna onde José Luis Peixoto escreve as suas crónicas no Jornal de Letras.
terça-feira, agosto 28, 2007
segunda-feira, agosto 27, 2007
Para Z.
nunca escrevi sobre ti. pelo menos, não me lembro de o ter feito.e, no entanto, não deve haver ninguém que me conheça tão bem e desde tão cedo. repara: temos tanto em comum. eu vivo a norte e tu mais a sul.eu estudei ciências sociais, tu línguas e literaturas. eu tenho mais do que vinte pessoas na minha mailing list, tu tens menos de dez. eu gosto de gatos, tu detestas. tu casaste e vais ter filhos, eu, para todos os efeitos, continuarei solteira. eu gosto de música de "mortos" (classificação tua), tu gostas de música comercial. eu detesto tapar a cabeça com o lençol, tu gostas. eu prefiro dormir com intervalos nos estores, tu preferes o quarto completamente escuro. tu esqueces-te facilmente das coisas, eu lembro-me delas com demasiada facilidade. tu tens jeito para os trabalhos artesanais, eu só sei fazer ponto-de-cruz. tu és perfeccionista, eu sou outra coisa qualquer. eu gosto de discutir, tu não gostas sequer de falar.
no entanto, devemos ter imensas coisas que nos distinguem. só assim se explica as manhãs e tardes que passávamos juntas no sofá. as corridas e os passeios de bicicleta. os joelhos esfolados. as personagens dos filmes. os livros e discos que comprámos em conjunto. os concertos que partilhámos. os lugares que guardamos como especiais.
não sei se reparaste mas isto ainda não é sobre ti. mas um dia hei-de escrever sobre ti. e tu hás-de gostar.
para já fica assim. eu aí. tu aqui.
p a r a b é n s a v o c ê...
no entanto, devemos ter imensas coisas que nos distinguem. só assim se explica as manhãs e tardes que passávamos juntas no sofá. as corridas e os passeios de bicicleta. os joelhos esfolados. as personagens dos filmes. os livros e discos que comprámos em conjunto. os concertos que partilhámos. os lugares que guardamos como especiais.
não sei se reparaste mas isto ainda não é sobre ti. mas um dia hei-de escrever sobre ti. e tu hás-de gostar.
para já fica assim. eu aí. tu aqui.
p a r a b é n s a v o c ê...
Ed Harcourt - rain on the pretty ones
I'm the hunter who's killed by his dog
I'm the statue burnt down into lead
I'm the problem you don't want to solve
I'm the lover who dies in his bed
So rain on the pretty ones
Your useless lives don't speak to us
Rain on the pretty ones
You leave no footprints in the dust
Adventurous you used to be
But now you seem so dead to me
I'm the doctor with a needle in his arm
I'm the cartoon that makes you feel sad
I'm the secret that everyone has
I'm the cancer that never turns black
So rain on the pretty ones
Your useless lives don't speak to us
Rain on the pretty ones
You leave no footprints in the dust
Adventurous you used to be
But now you seem so dead to me
I'm the actor who's scared to perform
I'm the sunshine that hides in the clouds
I'm the father that couldn't be found
I'm the cuckoo that never flew south
I'm the Christian that cannot forgive
I'm the dreamer who jumps off the bridge
I'm the sinner who hates how he lives
I'm the liar who gets what he gives
5 minutos#11
E do nada, da noite, ergue-se fogo no céu. A minha janela é um espelho de cores luminosas que quebram o silêncio e páram o monólogo, de mim para mim. O gato encaixado no topo da minha colecção de revistas. (Que sonhará ele agora?) A gata debruçada sobre o parapeito, ao meu lado, a embriagar-se das cores derramadas sobre o fundo negro.
Demorei um ano para chegar a esta janela.
Felizmente, aprendemos sempre qualquer coisa com o que fazemos do tempo.
Felizmente, eu acredito que sim.
Senão, de nada valia servirmo-nos uns dos outros para O fazer passar.
*Depressão de domingo latente.
Banda Sonora - Duets, Ane-Brun.
©ana
Demorei um ano para chegar a esta janela.
Felizmente, aprendemos sempre qualquer coisa com o que fazemos do tempo.
Felizmente, eu acredito que sim.
Senão, de nada valia servirmo-nos uns dos outros para O fazer passar.
*Depressão de domingo latente.
Banda Sonora - Duets, Ane-Brun.
©ana
domingo, agosto 26, 2007
sábado, agosto 25, 2007
sexta-feira, agosto 24, 2007
As mãos resistem ao calor deste agosto. Mantêm-se frias. Imunes à temperatura que corre pela cidade. Ponho um disco triste a tocar e espero que os gatos venham falar-me do seu dia. Dos planos para o futuro. A casa, as janelas, os jardins. Abro o livro na mesma página onde ontem o deixei. O parágrafo a ler:
"Acordo nos olhos dos outros quando se abrem. Não durmo, mas deposito-me, inerte, entre as pálpebras e as retinas das pessoas. As pessoas são os meus, só. Nós só podemos ser o olhar de quem amámos e de quem nos amou. O resto do mundo não existe, é outros dias e outras madrugadas."*
Fecho o livro. Escorro o corpo pelo sofá. O sol entra pelas traseiras da casa. Infiltra-se na lombada dos discos. Recorta o chão. Há um gato a espreguiçar-se no tapete, enquanto o outro escova o pêlo.
Fala-me de ti. Gostas de reflexos? Fecho os olhos, por instantes. Releio de memória o parágrafo encerrado no livro. E se eu falasse agora alguém me ouviria? A quem entregar os segredos quando não há ninguém na casa? Que gente minha me existe? Aqui, agora, é o resto do mundo, só esse. Outros dias. Outras madrugadas. Mas o que verdadeiramente importa é que as mãos estão frias. Tão frias que evito arder enquanto não chegas.
*Jorge Reis-Sá, Todos os dias
hiddentrack
Quero estar a 4000 m de altitude, ter o coração seguro entre os dedos e pensar que tudo é simples, enquanto a neve incendeia.
"Acordo nos olhos dos outros quando se abrem. Não durmo, mas deposito-me, inerte, entre as pálpebras e as retinas das pessoas. As pessoas são os meus, só. Nós só podemos ser o olhar de quem amámos e de quem nos amou. O resto do mundo não existe, é outros dias e outras madrugadas."*
Fecho o livro. Escorro o corpo pelo sofá. O sol entra pelas traseiras da casa. Infiltra-se na lombada dos discos. Recorta o chão. Há um gato a espreguiçar-se no tapete, enquanto o outro escova o pêlo.
Fala-me de ti. Gostas de reflexos? Fecho os olhos, por instantes. Releio de memória o parágrafo encerrado no livro. E se eu falasse agora alguém me ouviria? A quem entregar os segredos quando não há ninguém na casa? Que gente minha me existe? Aqui, agora, é o resto do mundo, só esse. Outros dias. Outras madrugadas. Mas o que verdadeiramente importa é que as mãos estão frias. Tão frias que evito arder enquanto não chegas.
*Jorge Reis-Sá, Todos os dias
hiddentrack
Quero estar a 4000 m de altitude, ter o coração seguro entre os dedos e pensar que tudo é simples, enquanto a neve incendeia.
quarta-feira, agosto 22, 2007
não nos demoremos pelo verão
há nos pés a lembrança do estalar das folhas
que nos atropelam o caminho
enlacemos mãos e braços como árvores
de copa alta, rentes ao azul
por entre os dedos, virá a chuva
desfazer a poeira inútil dos dias
site oficial Dolls
há nos pés a lembrança do estalar das folhas
que nos atropelam o caminho
enlacemos mãos e braços como árvores
de copa alta, rentes ao azul
por entre os dedos, virá a chuva
desfazer a poeira inútil dos dias
site oficial Dolls
©ana
Broken bicycles, old busted chains
With rusted handle bars, out in the rain
Somebody must have an orphanage for
All these things that nobody wants any more
September's reminding July
It's time to be saying goodbye
Summer is gone, but our love will remain
Like old broken bicycles out in the rain
Broken bicycles, don't tell my folks
There's all those playing cards pinned to the spokes
Laid down like skeletons out on the lawn
The wheels won't turn when the other has gone
The seasons can turn on a dime
Somehow I forget every time
For all the things that you've given me will always stay
Broken, but I'll never throw them away
Tom Waits - Broken Bicycles
- One from the heart (OST)
terça-feira, agosto 21, 2007
segunda-feira, agosto 20, 2007
©ana
agora que me olho através de uma fotografia
reparo no peso das costas sobre o resto do corpo
é o peso de quem caminha de olhos no chão
o peso do sol a extinguir-se
das estações a mudarem de rumo
o peso das mãos que partiram sem deixar história
e para dizer a verdade
há qualquer coisa de demente nesta busca
do olhar
neste permanente enterro de vidas extintas
vultos
cartas
cheiros
há qualquer coisa de demente na espera
por isso,
dá-me o teu ombro
há vida suficiente nestas mãos
chega de adiar o que já se encontrou
sexta-feira, agosto 17, 2007
in my pocket
guardo as mãos nos teus bolsos
como se me faltasse espaço nos meus.
hoje, para me servir de desculpa,
entornei-lhes areia para dentro.
amanhã, terei de inventar desculpa melhor.
eu sei.
como se me faltasse espaço nos meus.
hoje, para me servir de desculpa,
entornei-lhes areia para dentro.
amanhã, terei de inventar desculpa melhor.
eu sei.
quinta-feira, agosto 16, 2007
quarta-feira, agosto 15, 2007
foreign land*
os olhos partem. entreabre-se de vento a janela.
penso na árvore abandonada. na distorsão do teu reflexo.
passa lentamente a noite. entretenho-me a ler histórias aos gatos.
que mais me poderá trazer este verão? o sol à flor da pele.fragmentos. pegadas.
o aí é do outro lado do mar. antes de qualquer depois. depois do que ficou antes.
©ana
leva-me de volta à estação das folhas num solo de piano.
*banda sonora: The Last Town Chorus
penso na árvore abandonada. na distorsão do teu reflexo.
passa lentamente a noite. entretenho-me a ler histórias aos gatos.
que mais me poderá trazer este verão? o sol à flor da pele.fragmentos. pegadas.
o aí é do outro lado do mar. antes de qualquer depois. depois do que ficou antes.
©ana
leva-me de volta à estação das folhas num solo de piano.
*banda sonora: The Last Town Chorus
terça-feira, agosto 14, 2007
5 minutos#10
Juntar todos os pedacinhos de non sense protagonizados pela amiga E. como aquele: "conheces a oshyo que pertence à Fnac?" ou o magistral derrube de um tabuleiro com copo de água e chávena de café com leite em plena área de serviço!Já para não falar das piadas porcas que vêm dos tempos da faculdade e que conseguem deixar qualquer um de faces coradas! enfim...boas gargalhadas!
Quero ver se tens coragem de comentar ;-)
Quero ver se tens coragem de comentar ;-)
5 minutos#9
©ana
os últimos 5 minutos do por-do-sol. por todos os silêncios. por todas as palavras. porque abriste os braços para eu ficar neles.
sábado, agosto 11, 2007
5 minutos #8
Arcade Fire a sair do audio do telemóvel. Tu, petit prince, em contraluz. O Tejo turvo aos nossos pés, com peixes, alforrecas e lixo a boiar. Fim de dia. E outra vez a ponte ao fundo. O Cristo. A outra margem. Seguimos a rota das descobertas. E chegámos antes do sol desaparecer.
©ana
Faça-se lume. Acenda-se o cigarro.
Sonhe-se.
©ana
Faça-se lume. Acenda-se o cigarro.
Sonhe-se.
margem da ausência
©ana,lisboa
o olhar é gaveta de silêncios. o inalcançável às mãos. não me adivinhes.
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